terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inconveniente

Ele:

- Espera!

Ela:

- como assim amor?

- não, não... espera.

- amooôr...

- preciso saber de uma coisa antes. Não te incomoda mesmo minha barriga?

- o que? Isso agora?

- tenho que saber!

- não me importo com isso, eu também não sou perfeita, mas você podia ir pra academia, não é mesmo?

- mas eu jogo bola todo sábado com o pessoal do escritório!

- querido... o que você gasta na bola, você ganha no chopp depois do jogo.

- mas eu nem bebo!

- e você acha que não sinto o cheiro quando chega em casa?

- e porque nunca falou nada?

- não me importo com isso, quero que se divirta. Como me divirto com a Aninha.

- como assim?

- quando saio com ela, eu me divirto também.

- você sai beber com a Ana? Aquela Ana loira periguete?

- ai, não fala assim, ela solteira, só isso.

- mas você não! Não da certo sair com mulher solteira, sempre dá errado!

- errado como?

- ela toma umas, você toma umas, ai ela arranja um cara que dá umas nela, e você como fica?

- Rafael. Está todo mundo olhando... (um cutuco no braço)

(cara incrédula) – Xíí... to vendo que tenho chifres...

- não! Claro que não! Ai como você é, enh?! Logo agora vir com esse papo?

- preciso saber se não está comigo por dinheiro... se não “pega” ninguém por fora... tenho essa insegurança.

- querido? Aloooou! Eu ganho mais do que você!

- vai jogar na cara, agora, então?

- não é isso. Só quero dizer que não é por isso.

- então você deve gostar do sexo. (um sorriso largo)

- ah, eu gosto sim, é bom...

- bom? Bom assim bom “dimais”, ou bom faço porque ta lá?

- querido, eu gosto, e ponto. Adoro, ok? Agora vamos continuar.

- entendi... você gosta mas acha “ele” pequeno.

- não! O tamanho é ótimo tá? Quer que eu diga isso pra todo mundo aqui? Eu berro!

- não, não, acredito em você...

- por que é então?

- por que estou com você?

- isso. Por quê?

- porque eu sei o quanto você me ama, ninguém nunca me amou tanto assim, e por isso eu te amo!

- hum... muito mesmo?

(vozinha de bebê) - muito, muito, muito tchutchuco

(voz de bebê, denovo...) - mas eu amo mais e mais, pudinzinhoo

(sons estranhos e “fofos”, como cuti cuti, óin...)

Ela pensa:

“só pensam nisso, dinheiro, sexo e o tamanho do negócio.”

Ele pensa:

“como elas podem ficar feliz com amor? Tem que ter algo mais nisso...”

Uma terceira voz interrompe limpando a garganta:

- HUM, meu filho... é simples. Apenas perguntei se aceita essa mulher como sua legítima esposa!

- ah, sim, aceito sim! =)