quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Direitos Humanos

Essa semana vários carros, após assaltados, foram queimados no meio das ruas do Rio de Janeiro. Em Sampa, tiram sarro da polícia com caixas lacradas em frente à prédios públicos, como se explosivas fossem, acionando até esquadrão anti bomba e isolamento do local. Tudo isso é terrorismo e falta de respeito. Como se já não bastasse a alta criminalidade e violência nas ruas das grandes metrópoles, agora temos barbárie aos inocentes.

Mais tarde, quando um desses autores vai preso, hipócritas vem com um caderno de direitos humanos. Exigindo bom tratamento, alojamento adequado, respeito e diversas outras prerrogativas. Sem ingenuidade, conhecendo o sistema prisional brasileiro, admitindo que vão pessoas inocentes e que merecem defesa para as cadeias, também sei que a maioria que está lá não está por acaso.

Vamos defender a bandidagem! Afinal, não é porque o infeliz matou, estuprou, assaltou, violentou e aterrorizou cidadãos que merece apanhar, certo? Ele também tem direitos humanos... Sinceramente? Pura palhaçada! Pura demagogia! Pura sacanagem escancarada!

Se é pra trabalhar com direitos humanos de bandido, ladrão e assassino, vamos olhar com outros olhos. Sejamos realistas. Também quero MEUS direitos humanos! Vamos colocar de lado todo aquele papinho determinista. Eu deveria ter direito à segurança; mas me tranco em casa com mais dispositivos de segurança do que um cárcere. Meu direito à liberdade como fica? Enquanto não posso sair na rua em determinados locais e horas, pois sei o risco que corro. Em São Paulo não posso andar de carro sossegado, correndo o risco de ser roubado, humilhado e ainda ter meu veículo queimado em praça pública. O cidadão está pagando três vezes pela segurança que deveria ser respeitada. E ainda, quando aqueles rompem a lei sem piedade, são cheios dos direitos humanos! “ah, mas se você fosse para cadeia? Não exigiria o mesmo?” Jogam na minha cara. Eu quero saber o que aconteceria se você aí, defensor da humanidade, estivesse num parque ou numa praia, fosse assaltado, a mulher abusada, e deixados na rua escutando passos e risadas dos meliantes. Isso acontece todo dia. Isso acontece com você e comigo.

Respeito entregamos a quem nos respeita. Aqueles que nos machucam, soco na cara! E não venha me dizer que assim estou me colocando no mesmo nível deles, porque bater num maldito assassino não me faz outro. Até onde peca Sivuca com slogan de campanha “Bandido bom é bandido morto”?

Ainda quero meus direitos humanos. Também quero exigir os MEUS. Até onde eu sei, não feri ninguém. Ainda sou humano. (com o perdão da palavra)


Notícia da Semana = olhem os jornais, todos dizem a mesma coisa

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Is this it?

Não estava tudo escuro, mesmo sem nenhuma lâmpada branca lá dentro. As luzes coloridas davam conta da iluminação, no mesmo ritmo da música. O strobo criava uma sensação de tempo em quadros à minha volta. O álcool movia minhas pernas, e a cabeça só acompanhava a melodia.

♪ Can’t you see I’m trying? ♫

Alguém me acertou com o copo. Ela me acertou com todo o corpo. Não foi intencional. Mas o melhor acidente da noite. Não escutei, mas pelos seus lábios bem delineados eu li tudo o que eu queria, e entre sorrisos eu vi pretextos. O meu show mudou de direção, e a banda estava atrás de mim. Enquanto os feixes de luz cobriam a platéia, eu olhava para o escuro, contemplava o vermelho, e esperava refletir nos olhos dela, logo depois do verde. Aquilo refletia em mim.

♫ Is this it? ♪

Movimentos leves moviam os cabelos castanhos criando um caminho pelo qual eu queria andar. Como se pudesse ouvir sua voz, eu podia traduzir toda a letra pelas palacras que ela cantava. E ela sabia toda a canção. Eu sabia também, sabia tudo, mas não sabia o nome dela. Cada flash de luz intermitente me mostrava uma posição diferente, e cada uma parecia sempre ser mais linda que a última, e nunca me satisfazia tanto quanto poderia satisfazer a próxima. Eu a queria dançando a noite toda.

♪ Said they’d give you anything you ever wanted ♫

Eu daria a ela tudo que ela sempre quis. Tudo que ela pudesse pedir ou querer naqueles três minutos de som. Por mim o show não acabaria nunca. Nem a voz do cantor. Nem os acordes da guitarra. E a caixa não iria parar de ser batida. O vidro na minha mão esquentava com a minha febre, e ela também sentia calor. Nunca tinha visto tanta sensualidade em arrumar o cabelo para trás, nem no escorrer de uma gota de suor. Passou entre os dedos cada madeixa e prendeu tudo junto para trás, eu queria estar junto, e já estava preso.

♪ Oh dear, can’t you see? ♫

Eu estou bem a aqui! Mas acho que nenhuma luz me focava. E ela não me viu. Todos a viram. E eu só olhei pra ela. Não dei bola para quem me olhava, e eu sabia que alguém o fazia. Eu sei que alguém tentou falar comigo. Alguém passou as mãos no meu ombro, e pelo perfume doce, e a leveza no toque, poderia ser alguém que eu queria. Mas não era ela, pois ela estava bem a minha frente, poucos metros alem dos meus braços. Alguém chegou e eu não pude ver mais nada. A canção acabava, e junto se esvazia meu contentamento. Em meio à multidão não pude mais achá-la. E até mais tarde, só pude lembrar de cada traço. Degustar cada passo. Acabou?

♪ Is this it? ♫

♪ Is this it? ♫

♪ Is this it? ♫


( Is this it? - The Strokes )

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Filtro Solar


“Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, diria: Usem filtro solar.”

Essa é a frase inicial de um dos vídeos motivacionais mais interessantes já produzidos. Quem ainda não assistiu, é recomendado que invista oito minutos em alguns pensamentos que fazem muito mais sentido do que parecem. É possível encontrar o vídeo no YouTube pelo nome de Everybody’s free to wear sunscreen!

Milhões de pessoas ao redor do mundo assistiram à esse curta metragem, e hoje percebi que varias levaram realmente à sério. Eu admito ter encontrado lá uma filosofia de vida. Mas isso diz respeito aos demais conselhos “ofertados” pelo locutor, enquanto, engenhosamente, este diz ser o mais importante de todos o uso de filtro solar. Aos meus olhos, este era o de menos importância, e elevo dentre todos aquele que diz: “É quase certo que os problemas que realmente tem importância em sua vida são aqueles que nunca passaram a sua mente, tipo aqueles que tomam conta de você às quatro da tarde em alguma terça-feira ociosa.” Afinal, foram inúmeras as vezes pensando em coisas pequenas sentado numa mesa no centro da cidade tomando café preto. E mais tarde percebemos que algumas daquelas pequenas coisas poderiam, verdadeiramente, mudar o rumo da sua vida. Pode parecer exagero, mas quando você pensou sobre ir ou não atrás daquela pessoa atraente que conheceu na semana passada, estava pensando em algo que mudaria sua vida, pois esta pode ser a pessoa com quem irá casar, e isto mudará sua vida. Não o prazo que seu chefe estipulou para ontem. Empregos, achamos outros. Acredite.

Hoje tudo isso vem à cabeça graças à recente aprovação do projeto do vereador municipal Juliano Borghetti. Com certeza ele deve ter assistido a esse filme. Afinal, sua lei, a fim de evitar doenças de pele, “obriga” as empresas da capital a fornecer protetor solar aos funcionários que trabalham expostos ao sol. Ele realmente levou isso a sério.

Agora, a parte interessante do assunto, é que ele utilizou uma lei para dar um conselho! Sim! Pois a lei não prevê nenhum tipo de punição ou multa para as empresas transgressoras. Figurem uma empresa com mais de cem funcionários, gastando com filtro solar para todos esses metros quadrados de pele. No final do mês, e ainda mais ao final do ano, o dinheiro investido nesse empreendimento já justificaria pagar uma multa qualquer. Atitude que muitas empresas tem perante multas administrativas, visto que todas objetivam lucros, e quando a multa sai mais barato do que o respeito à norma, a punição é mais lucrativa.

Sem ter nenhuma motivação para cumprir a lei, quantos realmente vão fazer isso?

Seriamos otimistas se pensássemos numa proporção igual ao do número de pessoas que assistiram ao vídeo do filtro solar, em fim, ambos tratam apenas de conselhos...



Notícia da Semana

Use Filtro Solar - Vídeo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crônicas

Genial na simplicidade é o Wikipédia quando diz que “uma crônica é uma narração, segundo a ordem temporal. O termo é atribuído, por exemplo, aos noticiários dos jornais, comentários literários ou científicos, que preenchem periodicamente as páginas de um jornal.
Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem.”

Não tenho um jornal e ninguém me contratou ainda. Mas procurando preencher com completude minha proposta e tentar alcançar com vocês certa familiaridade, farei o possível para transformar a quinta-feira numa periódica semanal com postagem de crônicas. Assim, o leitor pode visitar toda semana, e sempre vai achar algo novo. Demais produções, vão sendo públicas à medida da inspiração. =D

Começando com a de baixo, hoje, quinta feira, dia 11 de novembro.

100 anos?

E assim, mais gente rasga a fita de chegada da corrida centenária. Eu não quero isso pra mim. Hoje eu descobri que o Paraná é o país com o maior número de cidadãos que passaram dos cem anos. Previamente já são mais de 727, só aqui. Estamos ainda em oitavo lugar no país, e somando todos os ultra idosos, são 17 mil pessoas. Imagine quantos anos de vida isso soma! Daqui a pouco ficam pra trás as tartarugas! São mais de um milhão e setecentos mil anos vividos! Milhares de pessoas que cresceram sabendo do mundo através do rádio e carregando lamparinas. Incontáveis experiências e situações. Vidas iniciadas e findas. Histórias e estórias. Sonhos conquistados e quebrados. Vários corações. Esses também quebrados... Temos hoje uma expectativa de vida de 77 anos às mulheres e 69 para os homens. Ainda bem que sou homem. E ainda me assusta onde isso pode chegar. Se há vinte anos os 7 palmos de terra cobriam os “sessentenários”, e agora esses chegam nos 80 com facilidade, quem me diz até quando eu vou viver? Tenho medo de ficar na espera por 90 anos. No fundo, a vida é uma grande fila de espera. E enquanto isso a gente faz o que faz, ao invés de ler uma revista. Sem pensar nas conseqüências financeiras e sociais para o bem público em vidas assim tão duradouras, eu me preocupo com a distância da minha jornada, pois andar demais cansa. Fato é: sofrimento é inerente à velhice. Aqui cito José de Alencar em momento iluminado quando diz que “A vida é luta renhida, que aos fracos abate, e aos fortes só faz exaltar”. Então que me abata sem exaltação! Louro nenhum provém de ter 90 anos “mas estar bem fortinho – ele até anda pra lá e pra cá, ora vejam só!.” Prezo pela juventude, e a beleza não está na idade. Anos trazem experiência, e tentem me provar o contrario, por favor. A vida vale enquanto podemos produzir ou ajudar quem precisa. Bom seria viver enquanto a saúde me acompanhar e vigor me carregar, e deixar tudo pra trás durante o sono da tarde, de barriga cheia do almoço, deitado numa rede ao balanço do vento. Se possível sonhando e sorrindo. Lembrando de quando eu subia escadas sem ter que parar, atrás de moças com peles lisas como pêssego. Não gosto de uva passa. É amargo. Viver é amargo. Vivemos em busca da felicidade, certo? Isso porque não estamos nela, senão não precisaríamos caçá-la. Vida é busca por algo que até vem, mas nunca fica. Não pensem em mim como um infeliz. Amo a vida, e vejo maravilhas em todos os cantos. Mas não posso ficar sem dignidade. Então se eu chegar a dar trabalho e olhares expressarem pena de mim, chame a dona da foice, porque nunca gostei de hora extra, e não quero cumpri-las nesse expediente.


Notícia da Semana

domingo, 7 de novembro de 2010

Uma noite, de manhã

“Adorei a noite, beijos”. Foram as poucas palavras que li em um pedaço de papel ao meu lado, assim que a luz do sol cortou um espaço pela persiana esquentando meu rosto. O cheiro dela ainda estava na cama, as marcas do corpo esguio ainda marcavam o lençol e o travesseiro colocado de lado, como ela gostava. Mas ela não estava ali. A lembrança da noite anterior parece mais como um vidro embaçado. Como lentes de um óculos mal lavado. Até recordo da sétima dose, quando já não sabia mais onde estava, mas tinha certeza que ela já era minha. Eu não deveria ter dirigido naquele estado, mas parece que foi o que fiz. E ela não deve ter se importado. A noite foi longa, se estendendo por toda a madrugada. Cada cômodo, dos poucos, desse apartamento viram um pouco de ação. E em cada um ainda pode-se achar uma peça da roupa que eu usava ontem, mas as dela não estavam mais por lá. Não posso reclamar, pois não esperava muito mais que uma noite. Um caso só. Não tive nem tempo de pegar o número do telefone, em meio aos beijos trôpegos, em meio aos abraços afoitos. Concordo com proveitosa noite. Mas a mesa do café está posta à dois, e eu só preciso de uma xícara. Mais uma vez vou comer pão sozinho ao meio dia. Mas o importante foi se entregar ao momento. Foi levantá-la na parede com amor, e trazê-la abaixo com fervor. Todos devem fazer isso. Partilhar um momento com alguém pouco conhecido, de maneira que não exista um passado, e nem mesmo vai haver um futuro. A mais pura definição de viver o presente. Não interessa o que um dia você fez, nem ela, e não interessa nem mesmo se prefere café puro ou com leite, porque nem mesmo isso vai fazer parte da relação. São dois corpos que se usam, embebedando entre si a medicação. A troca de calor aquece, e te relaxa a falta de preocupação. Cada um sabe o que faz, e se não sabe, vai descobrir em breve. O melhor de tudo é o anonimato que a embriaguez permite utilizar. Não lembro dela, e ela não vai lembrar de mim. Um batom avermelhado marca meu colarinho, e são vários os fios castanhos pelo chão. É tudo que sobrou dela. Foi mesmo uma ótima noite, mas foi só uma. Uma brisa leve, tão leve quanto pluma. Algumas cenas ainda estão na minha cabeça, e lembro as disposições. Mas isso prova que a carne se cura, mas ficam os vazios nos corações.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inconveniente

Ele:

- Espera!

Ela:

- como assim amor?

- não, não... espera.

- amooôr...

- preciso saber de uma coisa antes. Não te incomoda mesmo minha barriga?

- o que? Isso agora?

- tenho que saber!

- não me importo com isso, eu também não sou perfeita, mas você podia ir pra academia, não é mesmo?

- mas eu jogo bola todo sábado com o pessoal do escritório!

- querido... o que você gasta na bola, você ganha no chopp depois do jogo.

- mas eu nem bebo!

- e você acha que não sinto o cheiro quando chega em casa?

- e porque nunca falou nada?

- não me importo com isso, quero que se divirta. Como me divirto com a Aninha.

- como assim?

- quando saio com ela, eu me divirto também.

- você sai beber com a Ana? Aquela Ana loira periguete?

- ai, não fala assim, ela solteira, só isso.

- mas você não! Não da certo sair com mulher solteira, sempre dá errado!

- errado como?

- ela toma umas, você toma umas, ai ela arranja um cara que dá umas nela, e você como fica?

- Rafael. Está todo mundo olhando... (um cutuco no braço)

(cara incrédula) – Xíí... to vendo que tenho chifres...

- não! Claro que não! Ai como você é, enh?! Logo agora vir com esse papo?

- preciso saber se não está comigo por dinheiro... se não “pega” ninguém por fora... tenho essa insegurança.

- querido? Aloooou! Eu ganho mais do que você!

- vai jogar na cara, agora, então?

- não é isso. Só quero dizer que não é por isso.

- então você deve gostar do sexo. (um sorriso largo)

- ah, eu gosto sim, é bom...

- bom? Bom assim bom “dimais”, ou bom faço porque ta lá?

- querido, eu gosto, e ponto. Adoro, ok? Agora vamos continuar.

- entendi... você gosta mas acha “ele” pequeno.

- não! O tamanho é ótimo tá? Quer que eu diga isso pra todo mundo aqui? Eu berro!

- não, não, acredito em você...

- por que é então?

- por que estou com você?

- isso. Por quê?

- porque eu sei o quanto você me ama, ninguém nunca me amou tanto assim, e por isso eu te amo!

- hum... muito mesmo?

(vozinha de bebê) - muito, muito, muito tchutchuco

(voz de bebê, denovo...) - mas eu amo mais e mais, pudinzinhoo

(sons estranhos e “fofos”, como cuti cuti, óin...)

Ela pensa:

“só pensam nisso, dinheiro, sexo e o tamanho do negócio.”

Ele pensa:

“como elas podem ficar feliz com amor? Tem que ter algo mais nisso...”

Uma terceira voz interrompe limpando a garganta:

- HUM, meu filho... é simples. Apenas perguntei se aceita essa mulher como sua legítima esposa!

- ah, sim, aceito sim! =)