sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Sábio


Um Sábio disse:
 
- Elas querem sempre mais...

Um aprendiz perguntou:

- Mais o do que?

- De tudo. – o Sábio completou.

Ao lado, dois copos de bebida.

Um par de braços cruzados.

Um tolo argumentou:

- É verdade, elas nunca estão felizes. Não sabe o que querem. Só sabem que querem sapatos...

A tola retrucou:

- Não é verdade! Eles é que são gananciosos. Querem mais dinheiro e mais mulheres.

O Sábio suspirou.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Binômio


Uma dualidade. Assim como a tristeza é inerente à felicidade. Forças complementares. Cargas opostas que fazem pares. A prosperidade só existe por prestígio de prévia agonia, e ser triste quer dizer que você já foi feliz um dia.

A existência é fragosa e prodigiosa; é exceção à regra; é o ponto alto de uma parábola em queda livre; é apenas a contínua prostração que resulta em fim. Essas são palavras de um Fulano de Tal.
 
Mas o que é vida, afinal?

Não querer ser triste é negar à si mesmo futura alacridade. Por outro lado, assumir a ventura é encarar de peito aberto o abismo sob o próximo passo. Isso porque de lá você não passa. Isso porque por lá, tudo passa.


Abdicar de qualquer extremo é viver em constante apatia. É a impassível sensação de uma vida vazia. Comprar o pão da manhã e cear a noite. Rodar num círculo onde nada se cria.

Ser for pra ser feliz, então que a angústia venha serena e rasteira, que veja que tudo isso é apenas besteira, mas que não me saiam os bons tempos da memória. Que me guiem por ela os tempos de glória.

Se for pra ser triste, então que eu agüente cada ponta. Que eu bata contra a faca, lute, e deixe a roda toda tonta. E a torne! Para que eu veja pra mim toda pronta, aquela cadeira estirada, e que me espere trincando, aquela cerveja gelada.

Na escolha, na atual situação, me sinto tranqüilo em admitir qualquer decepção. Eu sei que o dia em fim acaba e amanhã terei outra condição. Escolho agora ser amargo. Par que nessa consternação eu possa, livre e solto, encontrar minha afeição. Quero fazer de cada queda uma vitória e viver em contínua, e impossível, ascensão. Por fim, é tudo, na verdade, simples contradição...

Sou triste e sou feliz. Não interessa. Já fui feliz um dia. E amanhã, é outro dia...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Espiando

Abri os olhos e vi a poeira dourada pairando no cômodo, acentuada pelo feixe de luz que se esgueirava pelo quarto. Cobertas reviradas e emaranhadas, quatro travesseiros, e vários pares de roupa. Um silêncio calmo e preguiçoso era interrompido aos poucos por sons de movimento pela casa. Chamei pelo nome dela, e do banheiro veio a resposta, pela porta entreaberta. De lá vinham os barulhos de pentes e escovas de dente. De lenços e fios de cabelo. O bom dia veio numa sintonia alegre e sorridente, transparecendo esbanjo de bom humor, reflexo de uma noite bem passada. Sorri também. Ela levantou mais cedo sem me acordar, só para se arrumar. Levantando vagarosamente, esticando a coluna e alongando os braços, escolhi uma música que sabia ser do seu gosto. Para que soubesse que era para ela. Aumentei o volume para ensurdecer meus passos e encobrir minha espreita. Desci alguns goles de água pela garganta e inclinei a cabeça para observar. Apoiei o ombro no batente da porta. Olhei escondido pela fresta que permitia uma visão do espelho. Ela, com apenas as roupas íntimas, segurava os cabelos para cima enquanto se arrumava pela manhã. Toda a pele, com brilho de diamante e toque tenro de veludo, reluzia a luz que vinha do outro lado, e tonalizava com as luminárias da parede. Movimentando tenuamente todo o corpo, de maneira sensual, mas contida, pessoal e privada, dançava pelo primeiro riff da melodia. Mas a melhor parte era o sorriso sincero e particular que ela ostentava. Era o mais lindo que alguém pode notar. Eu a vi ali sem maquiagem, sem produção, sem nenhuma das cortinas que se costumam usar. Parte do batom estava ainda no meu pescoço. Eu a vi sem ela saber. E por um bom tempo eu fiquei ali escondido, aproveitando e me contagiando. Deixando-me embriagar daquele cheiro que estaria em cada sonho e me esverdear do tom daqueles olhos. Sem querer perder nada daquela cena. Sem me arrepender porque ela é do meu tipo. Eu não queria perder nada, porque não existia algo que eu não pudesse ser naquela hora. Como se eu me sentisse a razão e o motivo, o fim e o objetivo, de cada gesto. Eu era aquele movimento. Mas antes de chegar ao fim da rotina matinal, prendendo o cabelo um pouco mais ao lado corpo, sobre os ombros, eu recuei. Queria manter aquela imagem dela nua e desprotegida. Dela como ela é. Dela como eu a faço. Mas sem que ela soubesse, para que não se envergonhasse disso, ou se ofendesse com qualquer sorriso. Eu sorri e me alegrei. Registrei. E fui preparar um café.

sábado, 28 de maio de 2011

Afinal, quem sabe?

E lá estava eu. Vim careca e banguela, e não pedia por nada mais do que um pouco de leite. E esse leite custou caro. É a primeira coisa que você pede, depois de ar, e é só a primeira das muitas que vão te dar. Normalmente sem você pedir. Eu sei que soa maldoso e ingrato, mas eu nunca pedi que me dissessem as coisas. Mas, “once you know, you never know”... (uma vez que você sabe, nunca se sabe...). Aos meus olhos, maldoso mesmo é colocar algo na cabeça de uma pessoa. Sabe por quê? Porque depois de colocado, é muito difícil de tirar, impossível de esquecer, e sempre vai estar lá, num lugar onde só ela pode saber, e com aquilo tem que conviver. Não lembro bem, mas depois do leite, dei uma de bobo e tentei copiar os outros. Tentei levantar. Segundo maior erro, perdendo apenas para o leite, mas me ensinaram a andar. Triste dizer, mas depois daí, isso não parou mais. Você anda, e tem que saber trotar, você trota, e tem que saber correr, você corre, e vão querer te ver voar. Tudo para que? Para bater em maior ou menor velocidade contra o chão quando tiver que parar? Não se engane. A vida para! Passaram-me algumas palavras, e de “gugu” “dádá” queriam as tais sílabas, que se juntavam em palavras, montadas com verbos e sujeitos, - esses nem sei quem são, - tudo só para uma oração. Mas eu nem sabia o que pedir à Deus. Devia ter pedido pra tudo parar, e as pessoas poderem escolher. Sabe, ninguém nunca sentou na minha frente e perguntou se eu queria a pílula azul. Foi mais como se me dessem ela esmigalhada dentre o miolão do pão de cada dia, como se a cada manhã eu tivesse algo mais a aprender. E aqui essa analogia pode parecer muito mais completa do que parece. Pense em quem não teve o pão. Mas essa não é a questão agora. Eu quero articular mais a benção como uma maldição. Quem sabe não é por isso que dizem tanto do diabo, e do tal pão que ele anda amassando. Não vejo muito essa falsa ideia de livre arbítrio ou opção. De sermos todos livres para escolher. Veja bem: você não escolhe nascer, e certamente não escolhe quando morrer. Ou seja, você vem e vai, te colocam e tiram dessa terra cheia de gente, iniciam e finalizam sua vida, e nem mesmo sobre isso você tem um palpite. Nem mesmo quanto ao mês que gostaria de nascer, se é mais chegado ao frio ou no calor. E depois disso, é consenso geral que você não sabe o que é melhor para você. Mas aí está o grande erro. Todo mundo sabe quando é pequeno! Todo mundo grita e chora quando está com fome, e depois de comer, dorme! Mas depois de ser bombardeado por tantas decisões tomadas por outros, apenas esquecemos que a resposta está dentro da gente. A gente esquece o instinto do choro. Ficamos apenas mal acostumados a não escolher. Por um bom tempo você não escolheu o que comer, nem o que vestir. Opinião sobre o que vai fazer do seu dia, também não teve muita. E, quando por um breve momento da sua vida, você achar que está com poder sobre ela, ledo engano. Você não escolhe tanto assim o seu patrão, ou a decisão do indivíduo com uma faca na mão na próxima esquina. Você não escolhe o que os outros vão fazer. E aqui reside a parte mais capciosa de todo o esquema: você não decide por você, outros o fazem, mas você também não decide pelo outros. . Você não vai conseguir escolher a fortuna de outrem. Afinal, se nem mesmo por você é possível escolher. Porque escolheria pelos outros? Então me digam agora: quem escolhe? Escolha existe? Desde pequeno te colocam numa ilusão onde você tem que saber coisas para sobreviver. Ensinam coisas erradas e certas, depois te dizem que o senso comum mudou, e o certo é um pouco errado, e o errado já parece mais aceitável. Mas te fazem saber coisas. E isso tira a sua paz. A paz predomina apenas no coração daqueles que nada sabem, e gozam da liberdade da ignorância. Enquanto você não sabe o mal que te fazem, ele quase nem dói. O momento em que te ensinam sobre o significado de paz ou felicidade é quando você perde a chance de tê-las de novo. Desculpe amigo, mas você estava nelas até chegar a essas linhas. Depois disso, a paz e a felicidade se tornam só miragens atrás das quais todos teremos que correr e ir atrás, sem saber que a paz está na ausência de movimento frenético. A paz se torna apenas uma utopia a ser perseguida, mas só perseguida, nunca achada. Quando se corre, não se está parado. Não se está em paz. Mas mais uma vez, isso também não é questão de escolha... e não importa sua opinião. Quanto mais se tem, mais exigem de você. Quanto mais se sabe, mais você deveria saber, e vão te cobrar isso. E depois de ver a luz, fica impossível viver na escuridão. Você tira dos pulsos o peso das algemas, mas põe nos ombros, o peso do mundo. Ou melhor, fazem isso por você...

terça-feira, 29 de março de 2011

A longa espera

Ela estava lá sentada, com as pernas cruzadas, costas retas, queixo num perfeito ângulo reto e as mãos sobrepostas uma na outra no meio da coxa. Uma pose digna de foto e de fictícia nobreza. Entre os dedos duas guias laçadas atavam em suas pontas em cada uma um Schnauzer. Brincos pesados e colar de pérolas escurecidas adornavam a foto e combinavam bem com o casaquinho surrado de camurça, retratando alguma moda passada. Afora os cãezinhos pulantes à sua volta, ninguém mais ocupava o banco na praça. E ela parecia a espera de algo. Como se a certeza de um encontro furtivo a mantivesse ali, com firmeza. Muito era visível naquela cena, e nada fazia feliz. O tratar de seus animais de estimação como filhos, à chamados de “bebês” revelavam a falta de uma cabeça em seu leito pedindo cafuné. Seus filhos, se teve, já eram crescidos, e não davam mais bola pra ela. A companhia animal também fazia parecer não ter mais muitas amigas, e a pele envelhecida, cabelos afinados e grisalhos repintados, as rugas... isso só mostrava o quanto ela tinha passado daquele tempo. A marca forte em seu anelar esquerdo expunha a ausência de uma jóia de compromisso, e o traço triste sob as olheiras carregavam a viuvez. Mas ela continuava altiva. Ela continuava inchada. Via-se que a beleza uma vez esteve presente em sua face, mas não mais agora... não criava mais a mesma atração. Não duvido que ela sabia disso. E como sempre, as mãos revelam. Nós calejados e dobras malhadas contavam a história de um trabalho manual, e as marcas no dedão me faziam acreditar na agulha e na costura. Hoje ninguém mais precisa de alfaiate e costureira particular. Ali sobrava amor de mãe. Sobrava amor de amante. Sobrava conversa e trabalho. Só sobrava. Um olhar me Maria das Dores carregava a longa espera, e as longas mínguas. E tive dó. Senti a pena. Senti a lacuna criada pelo falecimento da juventude. Então não joguem fora as suas. Mesmo assim, talvez não seja possível entender o valor da juventude, pelo menos não até que ela se desfaça. Pelo menos não até que ela faleça. E eu já sei. Sei bem o que ela esperava encontrar. Ela estava ali sentada, com o espírito de uma criança, esperando pelo príncipe encantado montado no cavalo branco, trazendo o robe que lhe daria de novo a elasticidade. Ela estava à espera do amor que perdeu. Do filho que cresceu. Do valor que abafou. Do carinho que passou. Da amizade que se desfez. E de tudo aquilo que aquelas pérolas me contam que um dia viram. Ela foi feliz! Cada brilho do anel grita, “eu fui feliz e vi o mar”! E mesmo que tenha agora que aguardar pela próxima vida, e uma nova chance de ser completa novamente, ela vai esperar. Vai sim. Porque aquela alma sabe o quanto vale ser feliz.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Personagens num bar

São vários, os boêmios. Cada um tem seu tipo, mas são todos iguais. Iguais pelo menos no amor pela noite, na companhia da cachaça, nos jogos de azar e na divisão da fumaça. Todo boteco tem um dono, também quase sempre um patuscão, que conhece bem a freguesia e lida à força, e não com educação. Sempre tem um dormindo na mesa de canto, enquanto outro lhe tira a carteira, com a maior cara de santo. Ele dorme pois não agüenta mais o gole, não tem mais dinheiro, nem mais jeito de alimentar sua prole. Enquanto um galã xaveca uma mulher honesta, outro, cambaleando, é tirado pela porta. Para ele acabou a festa. Quem sabe beber, sabe, quem não sabe, não se comporta. E é por isso que aquele dorme. É por isso que quem der bobeira some. Metade não paga a conta, outra metade faz o que pode, e é só a terceira metade que realmente consegue patrocinar o pagode. Mulheres vão à caça vestidas de carneiro, e o lobo sai pagando por tudo, todo faceiro. O artista do submundo se expressa, mas sem aplausos, só é musica de fundo. A cada nota torta do violão uma palavra grossa de mais alguém que foi ao chão. Um sobe sobre a mesa e leva um tapa. Já é de manhã e alguém sai à comprar pão, outro acaba cerveja, mas é cedo, e pede outra lata. Três amigos conversam, dois amigos apostam, um sozinho fica de olho, e dois inimigos se arriscam. Garrafada pra todo lado. Fim da noite com briga. Fim da noite, nossa amiga. Quebram uma mesa, e os copos são vários. Um puxa o gatilho, e corpos, esses também são vários...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E assim, Tadeu...

Ele:

- Vai querida, respira, comigo, vamos!

Ela:

- AHHHH, que doooor, assim eu não agüento, não quero mais, eu não consigo!

- Não pode ser assim, “agora não brinco mais”, agora não tem jeito.

- Dói muito! Não dá! Não vai passar!

- Meu amor, você consegue sim, empurra, comigo, no três; Um.

- Fácil falar né seu inútil, ta aí só olhando.

- Dois...

- Pare de contar seu bosta, não está ajudando!

- Três! Empurra!

- Vou te empurrar pra fora dessa sala! O obstetra nem chegou ainda!

- Amor, eu to nervoso, ok?

- Eu estou com um ser vindo de dentro de mim me rasgando de baixo pra cima, e o senhor está nevosinho? Aff, por favor... AAAAAHHH!

- O que? O que foi?

- Essas contrações são de matar – ela ofegando fortemente.

- Tem algo que eu possa fazer para ajudar?

- CALA A BOCA E CHAMA A ENFERMEIRA!

- Nossa... então é assim... depois reclama que eu não colaboro...

- Aaaaaaaaaaaiiiiii!!! Meu Deus, o que é isso?! ai ai ai ai... ta vindo, chama lá, CHAMA LÁ PORRA!!!!

- Uau, nunca vi você falando assim enh... o que uma barriguinha não faz...

- AAAAAAAAAAAHHHH!!

- Ta bom, ta bom, pelo jeito está doendo, já entendi, saquei, não sou tão tapado assim só porque sou homem, tá? Vou lá chamar...

Um Doutor correndo no corredor com cheiro de malte e olhos baixos:

- Sim, o que foi? Hic (soluço).

Ele:

- Doutor, minha mulher está tendo um bebê, acho que está vindo, precisamos do senhor.

- Senhor está no céu meu filho, hic, eu to aqui no chão mesmo e meu horário já terminou, hic, até mais...

- Mas eu não sei o que fazer! Ela está lá gritando de dor.

- Hic, todas gritam... hic... é só o que sabem fazer. A minha mulher estava gritando comigo agora mesmo no telefone.

- DOUTOR! Estou falando sério, ela está em trabalho de parto!

- Hic, sim, sim, elas são um parto... quer um trago? Hic – virando mais um gole.

- Não, obrigado.

- É 12 anos... vai te relaxar... hic....

- Sério? Aceito então! – ele toma um trago.

15 minutos e várias doses depois... ele, entrando na sala:

- Amoooor, hic, olha quem eu achei no corredooooor! Dr. Roberto! O cara é muuuito gente fina.

- Ricardo, você está BÊBADO, seu desgraçado?!

- Nããão, claro que não, amor... hic... – ele virá para o médico e diz sussurrando, porém em voz alta:

- Ixi doutor, acho que ela sacou... hic...

- É filho, essa sua aí é esperta... mas sabe, você é um cara da paz, te considero muito!

- Ôô doutor, eu também! Temos que marcar um bar aí um dia, de repente jogar um futebolzinho...

Ela interrompe:

- ALOOOOU! Eu to tendo um filho aqui!!! Dá licença?? AAAAH!

- Ah, sim, claro, filho, chame a enfermeira ruiva ali para mim, sim?

- Hic, ruiva?

- Sim, a loira é cheia de não me toque, hic. – o médico vira para a mamãe - Então Sra., parece que vamos ter uma criança aqui! Hic...

Entre contratempos e soluços, a criança vem à luz, e a mãe suada e exaurida a recebe no colo:

- Ai meu Deus, obrigado, ele é tão lindo! Ainda bem que não parece com o pai!

- Como assim querida? Deixe-me ver, hic. Ah, mas é bonitinho mesmo, não é?

- BONITINHO???

- Quero dizer, é a coisa mais linda que, hic, eu já vi! Viu aqui doutor? Meu piazão? Esse aqui vai ser pegador! Ó o tamanho da ferramenta aqui! Puxou o pai!

- Ricardo, cala a boca... como assim “coisa” mais linda? Seu inútil. E se puxar essa merreca aí, é melhor ser rico, senão aí sim vai acabar que nem o pai...

- Ei, não precisa, hic, ofender não...

Indignada com a situação e espumando de raiva ela decide:

- Eu vou escolher o nome!

- Ei, mas a gente já não tinha escolhido Carlos? Carlos é uma boa, hic, não é “dóc”?

Doutor:

- Sim, eu gosto...

Ela:

- Não, você escolheu Carlos, eu quero Lucas.

- Aaah não, querida, nome bíblico não...

- Por que, qual o problema?

- Não quero, não gosto, não vou chamar, você vai chamar, hic, sozinha. Só você...

- Então será Rafael!

- Ah amor, mas aí quando ele for pequenininho vão ficar falando, hic, Rafael cara de pastel, crianças odeiam isso, você sabe.

- Ah, mas que coisa mais besta, Ricardo!

- Não querida, eu não vou chamar de Rafael. Hic...

13 nomes depois, discussão e mais uns soluços ébrios. Ela se cansa:

- Tá, deu então! Pra mim chega. Depois a gente vê isso, quando você estiver sóbrio.

- Tá, deu?

- Isso, chega!

- Tadeu é bom.

- Chega Ricardo, quero acabar a discussão.

- Não, não, querida, Tadeu é um bom nome, meu tio avô era Tadeu, eu gostava muito dele, ele me dava uns biscoitos que...

- O quê? Do que você está falando?

- Ueh, você não sugeriu Tadeu? Eu gostei, fica esse.

- Hã?

- Você acabou de falar, mulher! “Tadeu e chega”.

- Meu Senhor, Ricardo, como você é IMBECIL! Mas... sabe... gostei de Tadeu! =D


E assim, Tadeu...