terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fim das Férias?

Passado um bom tempo em recesso, fiquei sem computador. O que foi um alívio total! É bom saber que no fim essa maquininha não faz tanta falta.

Mas mesmo assim, pretento voltar à ativa, com as programações normais do blog, buscando a proposta colocada.

Vamos ver se já consegui colocar minha cabeça denovo no mundo real.

Segue abaixo a primeira postagem de 2011.

Reflita... nem que seja Só Por Um Minuto...

E à todos, um EXCELENTE ANO NOVO!

Um lugar que não existe

Conheci um cara. Não lembro o nome dele, mas isso não é tão importante quanto o que me contou. À princípio achei um conto de fadas, uma estória bem bolada. Ele voltava de algum lugar com um sorriso no rosto, com a pele queimada de sol, o cabelo com sal do mar. Só usava bermuda e uma regata, pisando descalço sobre as pedras e areia. Embora a vestimenta fosse simples, andava como um lord, mas ginga de bêbado. Olhou-me fundo nos olhos e me pediu por fogo enquanto pegava um cigarro amassado de trás da orelha. Acendeu o tabaco puxando uma longa e espessa tragada. Pude escutar os estalos da queima. Ainda com meu isqueiro não mão, prendeu por dois segundos a fumaça, e soltou num alívio tão grande que até mesmo eu relaxei. E ele sorriu. “Amigo, encontrei!” Intrigado, e querendo meu acendedor de volta, perguntei sobre o achado. Ele me disse que voltava da beira do mar. Tinha dormido lá sem querer, na areia mesmo, e acordou com a maré subindo aos seus pés. Disse que o mar o acordou com muita delicadeza, e que a areia lhe serviu como ótimo travesseiro. “Encontrei!” Mas eu ainda não sabia o quê. Sorriu. Contou-me sobre a epífane. Acordou com meio sol no rosto e uma brisa leve no torso. Isso bastou para lembrar da noite, e perceber que naquele momento não precisava de nada. Entendeu que tudo aquilo que buscava era em vão, se passasse mais tempo trabalhando do que dormindo na areia. Ele encontrou um lugar. Não uma localidade. Mas um lugar. Um sítio de encanto sublime. Passou a noite ao lado de alguém que o fez sonhar e ver o céu. E mesmo assim, sem mais nada, nem mesmo ela, ele acordou com tudo que precisava. Ele acordou sem nada. Não precisava de nada. Confidenciou-me que adorou descobrir isso, e que passou um bom tempo nesse estado de fortuna extrema, onde rico não era aquele que tinha mais, mas aquele que precisava de menos. E passou horas como um milionário. Para sua maior felicidade ainda, percebeu que a vida lhe provê o que lhe falta, pois quando precisou de fogo eu cruzei o seu caminho, e ele sorriu. Entendi a profundidade daquele conforto na expiração do fumo. Eu lhe dei mais algumas horas de paz profunda, pois no momento em que precisou de algo, eu sanei, e assim ele podia alongar ainda mais o sentimento. E, por fim, antes de continuar seus passos bambos para o infinito, fechou a lição e me disse: “Acabei vindo de longe, passando horas no meio do nada, encontrar alguém diferente e acordar comigo mesmo, para, sozinho, descobrir o mais importante. Aprendi o que na realidade eu já sabia. Só não tinha conhecimento disso.”